Mais uma tragédia anunciada abalou as estruturas emocionais de grande parte do brasileiro, que novamente tornou-se vítima do despreparo, do descaso e da omissão do poder público, sobretudo em nível federal. O desabamento da ponte rodoviária sobre o rio Tocantins ocorrido na fatídica tarde deste domingo (22), que culminou com a morte e desaparecimento de pessoas e tomou conta do noticiário no Maranhão e Tocantins, com repercussão nacional.
A ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira foi construída em concreto armado, ainda na década de 1960, tinha 533 metros de extensão e ligava as cidades de Estreito, no Maranhão, e Aguiarnópolis, no Tocantins, pela BR-226. O “sexagenário elevado” integrava um importante corredor rodoviário entre Belém e Brasília, proporcionando além acesso, fatores de desenvolvimento econômico, social e político.
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Mas tudo veio abaixo ontem. Por pura negligência e falta de atenção dos órgãos que devem ser responsabilizados pela tragédia que ceifou vidas humanas e de quebra, ainda poderá causar danos ambientais irreparáveis. Carretas transportando produtos químicos, além de carros e motocicletas ocupados por seres humanos transitavam pela ponte, quando o chamado vão central despencou rio abaixo.
Tudo foi registrado por imagens de aparelhos celulares. Não foi por falta de avisos, de denúncias ou de apelos, inclusive no momento do incidente ou acidente, como deve ser denominado o caso. Vídeos e fotos mostram a precária condição da estrutura da ponte. Rachaduras, fissuras, ferragens expostas e buracos por todos os lados. Sinais de que algo trágico poderia acontecer a qualquer momento. E infelizmente, o buraco foi mais embaixo.
A Superintendência do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no Maranhão, órgão vinculado ao Ministério dos Transportes, logo após o episódio, tratou de “tirar o seu da reta”, emprestando a responsabilidade à unidade do vizinho estado do Tocantins. Logo em seguida, a bizarra nota assinada pelo superintendente do DNIT no Maranhão, João Marcelo de Souza, supostamente por conta da fragilidade textual, foi retirada do site oficial do órgão.
A propósito, João Marcelo de Souza é psicólogo, ex-deputado federal e não logrou êxito nas eleições em 2022. É filho do ex-senador João Alberto de Souza e foi nomeado para o cargo de superintendente do DNIT-MA pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em um país que tem o rodoviário como seu principal modal de transporte de cargas e pessoas, torna-se extremamente necessário mais atenção e investimentos para o setor. Por fim, o fato é que sobre essa tragédia, devem ser responsabilizados todos os que fizeram pouco caso do caso, redundantemente falando.
Será que se fosse para pilotar o avião do Lula esse cidadão seria nomeado?
Cargas e cargos, eis a questão.