Seguramente, São Luís do Maranhão é uma das poucas capitais brasileiras onde a população depende, quase que exclusimente de ônibus, para seguir seus destinos. Isso, sem desmerecer os serviços prestados pelo “transporte alternativo” e pelos “carrinhos lotação”, ainda considerados irregulares.
Basta lembrar que até o final da década de 1980, uma via férrea cruzava a capital maranhense desde o bairro da Estiva, na Zona Rural até a Avenida Beira-Mar, na região central da cidade. A chamada Estrada da Vitória, desativada por questões de urbanismo, para dar lugar à mal traçada e irregular Avenida Luiz Rocha, poderia servir na atualidade de um modal de transporte coletivo, através de “metrô de superfície”, caso os trilhos não tivessem sido retirados para se transformar em proteção de bueiros ou simplesmente “ferro-velho”.
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A velha linha férrea que integrava a “Estrada de Ferro São Luiz-Terezina” serpenteava diversas comunidades e bairros de São Luís, principalmente na área urbana. Bairros como Maracanã, Vila Itamar, Tirirical, São Cristóvão, Sacavém, Filipinho, Jordoa, João Paulo, Apeadouro, Fé em Deus, Monte Castelo, Liberdade, Camboa e Jenipapeiro eram beneficiados com o vai e vem dos trens até seu destino final, a Estação João Pessoa, no Centro.
Imagine um metrô de superfície atendendo usuários do transporte coletivo nesses bairros e comunidades adjacentes, tal como acontecece na vizinha Teresina, capital do Piauí?! Mas ninguém pensou nessa hipótese e agora é tarde de mais para imaginar tal modal ferroviário em funcionamento na capital maranhense.
Têm outros dois detalhes, sobre transporte de massa na Ilha de São Luís. Em 2012, um tal Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), chegou a ser anunciado e fazer uma “viagem técnica”, numa pequena malha ferroviária instalada no Aterro do Bacanga. Alguns metros de barras de ferro sobre dormentes entre o Bar Canal e o Bar Kabão seria o novo modal, mas o projeto VLT acabou, literalmente, “dando nó em trilho”, pois nunca mais se falou no assunto.
Mais recentemente, prometeram um Bus Rapid Transit (BRT) para circular sobre uma plataforma exclusiva na Estrada do Araçagy, seguindo pela Avenida Litorânea, até o bairro do Calhau. A volta do tão alardeado BRT seria pela Avenida dos Holandeses, mas acabou parando pelo meio do caminho. Em seu lugar entrou em cena alguns ônibus com passagem gratuita, denominado “Expresso do Trabalhador”, cuja conta é paga pelo contribuinte.
E desse modo ou modal, pode-se concluir que São Luís do Maranhão, que no passado foi servida de bondes e trens, de fato tem vocação natural para ter o ônibus como seu principal transporte coletivo.