Roubam velhinhos, doentes, respiradores, e a esperança de um país melhor
Por Simplício Araújo*
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O escândalo no INSS não deveria ser visto apenas como mais um caso de corrupção em Brasília. Ele escancara uma verdade dura que muitos fingem não ver: roubaram os velhinhos, os doentes e, junto com eles, a esperança de um país mais justo.

Simplício Araújo, empresário, ex-secretário de Estado e ex-deputado federal
Temos um ministro acusado de prevaricação. E mais — dizem que pode estar envolvido diretamente no crime de passar a perna em aposentados, pessoas com deficiência e pacientes com doenças graves. O sistema faliu moralmente. Mas o povo? Parece anestesiado. A indignação desapareceu, a revolta virou silêncio. E quem se beneficia disso são justamente os ladrões do dinheiro público.
Além do escândalo do roubo bilionário aos aposentados, veio à tona também o caso dos respiradores comprados ainda na pandemia, sob responsabilidade do atual ministro da Casa Civil, Rui Costa. Cerca de R$ 50 milhões foram pagos antecipadamente a uma empresa que comercializa produtos derivados de maconha. O resultado? Nada de respiradores. O dinheiro foi parar em carros de luxo, pagamento de faturas de cartão de crédito, mensalidades de escolas particulares e outras despesas pessoais. O que era para salvar vidas virou ostentação, impunidade e deboche com a cara da população.
No Brasil de hoje, escândalo não derruba mais ninguém. O que vale é fazer o “pé de meia” e vencer o leilão eleitoral. A política virou negócio. Prefeito, deputado e governador compram suas cadeiras como quem arremata um lote em leilão. E como diz meu amigo Luciano Leitoa, os senadores vão “de bolo”, só para completar o pacote.
Enquanto isso, as obras públicas viraram ilusão. Escolas bonitinhas para foto, mas que caem ou pegam fogo com o primeiro curto-circuito. Estradas vicinais abandonadas por três anos e só lembradas na véspera da eleição. A saúde? Um “Deus nos acuda”. Você reza para não adoecer, porque sabe que não vai encontrar atendimento digno.
Nas cidades, as ruas viraram “tábua de pirulito”. Antes se fazia recapeamento. Agora é um “tapa-buraco” malfeito, com asfalto frio, só para dizer que fez. Tudo na pressa de enganar o eleitor. Até semáforo quebrado é normal. Passam meses sem funcionar e ninguém cobra nada. A imprensa? Em sua maioria calada. E quando fala, é para defender o “pai”, a “Mainha”, o “Moral”, o “Santo”, o “Coronel”… seja lá o nome que derem aos que dizem governar.
A verdade dói. Dói principalmente em quem ainda vota por paixão, por gratidão ou por medo. Mas é preciso encarar essa realidade de frente: hoje em dia, não se faz mais política — faz-se negócio, com muito dinheiro. E nem precisa ser dinheiro limpo. Pode ser dinheiro roubado dos velhinhos, dos deficientes, dos pacientes com câncer, com Alzheimer, com esclerose múltipla. Isso não importa para quem só quer vencer a eleição.
Mas importa sempre para mim. E deveria importar sempre para você também.
*Empresário, ex-secretário de Estado e ex-deputado federal.
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