Neste sábado, dia 26 de novembro de 2022, o Frei Antônio Sinibaldi está sendo homenageado pela passagem de 35 anos de seu falecimento, ocorrido dia 7 de setembro de 1987.
A homenagem é pública e será realizada na Praça Frei Antônio M. Sinibaldi, na Lagoa, logradouro que, pelo nome, já revela a distinção que o Poder Público lhe concedeu, pela importância de seu trabalho não só sacerdotal, mas comunitário.
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Temos assistido – porque os recursos midiáticos assim o propiciam – ao vivo, ou em imagens disponíveis nas redes sociais, todo tipo de violência a templos e símbolos religiosos, assim como àqueles que praticam ou mesmo acreditam numa religião ou professam alguma fé.
A crença religiosa e a fé têm-se tornado uma atividade de risco, perigosa, porque há quem, não tendo religião, considera-se – esses, sim, deuses, donos da verdade -, com poderes de julgar, condenar e punir os que acreditam numa religião ou simplesmente têm fé. Há até os que vaticinam: têm que ser liquidados. Sanha essa que mundo afora tem aterrorizado e vitimado os que acreditam no seu Deus.
É verdade que os próprios crentes há milênios se digladiam para fazer prevalecer as suas crenças sobre os outros, a sua religião sobre as outras. Todas elas, porém, têm a mesma essência, que é a crença, a fé. E é isso que deveria fazer com que as pessoas de todas as religiões se respeitassem. E as que dizem que não têm nenhuma, também, porque a ninguém é dado o direito de impedir ou de obrigar o outro a ter uma religião. Da mesma forma, a fé.
Na medida em que a Terra teve suas distâncias reduzidas pela interação das pessoas e as regras de convivência foram-se estabelecendo, princípios sendo criados, preservando-se os costumes locais. A globalização ampliou o conjunto das regras de maior abrangência, mas nenhuma delas visou, até agora, cercear a liberdade religiosa. Ao contrário. Da conflagração das grandes guerras do século passado resultou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, cujo artigo 18 proclamou: “Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.”
Para os cristãos, Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, mas isso também não o tornou um deus. É um ser mortal, capaz de fazer o bem e o mal, contribuir para melhorar a vida de sua comunidade ou atormentá-la. Depende de cada um, que, no dizer de Ortega y Gasset, é um ser e suas circunstâncias.
Dessa realidade nascem os heróis e os vilões, os anônimos. Cada um escolhe suas referências, como se a vida fosse a elaboração de uma tese, para a qual o autor tem de escolher seu referencial teórico, a base sobre a qual pretende desenvolver seu tema.
Frei Antônio Sinibaldi tornou-se uma referência. E com tal força que agora é buscada sua santificação formal na Igreja Católica, pois, para a comunidade, ele foi um homem santo, uma pessoa extraordinária que se entregou de corpo e alma à sua gente, não só confortando os aflitos, mas procurando soluções materiais para os necessitados.
Por tudo isso a homenagem que lhe será prestada neste sábado é justíssima. Como justo é destacar a dedicação de Mario Cella nesse processo para o reconhecimento da grandeza e da importância de Frei Antônio para a comunidade e para a Igreja Católica. Dedicação essa que não é surpresa nem se baseia na identidade da nacionalidade italiana de ambos, mas porque Mario Cella, que se integrou com intensidade no universo maranhense, plantando sementes que germinaram na cultura e na educação em nosso Estado, construiu uma bela família, é ser humano forjado na fé, pautado pelos elevados valores da ética e da moral cristã. É essa sensibilidade que o faz reconhecer em Frei Antônio um referencial exemplar do verdadeiro cristão.
*Advogado, jornalista