EFEITOS DA PANDEMIA – Esgotamento mental dos profissionais de saúde supera 60%, afirmam estudos

Experiências de quem esteve na linha de frente do combate à pandemia são compartilhadas em evento

“De repente, no hospital em que eu trabalhava, tínhamos 60 pacientes com Covid-19 e perdemos um colega. O medo tomou conta de todos nós”. O relato da enfermeira e professora do Centro Universitário Estácio, Sílvia Helena Cardoso de Araújo Carvalho, ilustra a experiência dos profissionais de saúde que trabalharam na linha de frente do enfrentamento à pandemia da Covid-19. A atuação e a trajetória desses profissionais fazem parte do evento “As repercussões da pandemia na área clínica e na saúde ocupacional”, que acontece até esta sexta-feira (21) no Centro Universitário Estácio.

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O evento é parte da programação da Semana Nacional de Saúde, que acontece simultaneamente em todas as unidades da Estácio, e tem o objetivo de debater a atuação dos profissionais do setor nos últimos dois anos. “É uma atividade de extrema importância, porque estamos reunidos pensando em saúde. Os nossos alunos estão debatendo sobre processos que vivenciaram em família ou como parte da sua atuação profissional. É importante aprendermos com as experiências dos profissionais de saúde e preparamos os nossos alunos”, pontuou a pró-reitora de Pós Graduação, Pesquisa, Extensão e Internacionalização do Centro Universitário Estácio, Suelen Ferreira.

Esgotamento

As rotinas de trabalho extenuantes, associadas ao medo de se contaminar com o vírus e à perda de colegas vitimados pela Covid impactaram a saúde mental dos profissionais de saúde. Em um levantamento realizado pelo Conselho Regional de Enfermagem (Coren) de São Paulo, 62% dos profissionais relatou sintomas de ansiedade e depressão. Já um estudo realizado pela FioCruz com enfermeiros de Brasília encontrou quadros similares em 65% dos profissionais.

O depoimento da professora Silvia Helena demonstra que pode haver números similares para o Maranhão. “Vários profissionais não conseguiram até hoje retomar as suas rotinas de trabalho, por causa das suas experiências familiares ou profissionais com a Covid”, pontua a profissional.

Segundo a professora, apesar da redução nos números da pandemia registrada nos últimos meses, muitos profissionais ainda seguem com medo. Sílvia Helena pontua que o cenário de tensão, associado à necessidade de vigilância e paramentação constantes, também contribuíram para o esgotamento de muitos profissionais. “No auge da pandemia era bem maior e mais evidente esse esgotamento, mas ainda existe muito. O esgotamento veio com a cobrança extra da paramentação, dos cuidados com a família. O medo passou a ser algo comum”, relata.

Para a profissional, ações de escuta, sensibilidade e empatia fazem a diferença ao ajudar os colegas da área. “Antes de cuidar do outro, a pessoa precisa se cuidar. Do contrário, não será capaz de dar conta das suas atividades. É importante que os profissionais de saúde tenham esse local de escuta, liberdade para falar sobre o que estão sentindo e sobre os seus processos”, conclui.

Programação

A programação segue até esta sexta-feira (21), com minicursos, oficinas e palestras. As atividades são gratuitas e acontecem mediante inscrição prévia na sede do Centro Universitário Estácio São Luís. O ensino e a saúde no universo pós-pandemia; atuação do farmacêutico em emergências de saúde pública; síndrome pós-Covid; e o impacto do vírus SARS-Cov-2 no sistema imune; são alguns dos temas que devem ser trabalhados até o final da semana.

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