Os (ir)responsáveis pelos primeiros diálogos sobre a “proposta de privatização” de uma faixa de areia situada na Ilha de São Luís e banhada pelo Oceano Atlântico, ainda hoje, sentem o amargor de seus vocabulários discriminatórios que depois, tiveram de engolir tudo goela abaixo. Seria, o que muitos de nós nativos de Upaon-Açu chamamos de tentativa de segregação racial.
No entanto, após exaustiva repercussão negativa e repudiante nas redes sociais, o projeto de separação da Península da Ponta d’Areia do resto da cidade de São Luís acabou se transformando coliformes fecais. E esses dejetos só não caíram na rede de esgoto porque, por ironia, a tal área nobre não dispõe de saneamento básico adequado, como acontece na maioria dos “bairros comuns” da capital maranhense, inclusive da periferia.
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O polêmico assunto, denominado ‘Posto A’, um espaço na faixa de areia, da Pontinha da Ponta d’Areia, recheou a semana inteira com conversas, contradições, pedidos de desculpas, pautas jornalísticas, uso parlamentar em tribuna legislativa, interferência de órgãos fiscalizadores e até com certa dose de humor. A criatividade dos muitos usuários das redes sociais foi bem além da cor azul do mar, visto por quem mora na nobre área. Vídeos engraçados e irônicos passaram a anunciar o convite para que todos rumem à Península neste fim de semana…
Do céu azulado, o poeta e escritor Bandeira Tribuzzi, cujo memorial foi erguido em sua homenagem na Península em 1986, deve está cantarolando com harpa e batuta nas mãos:
“Ó minha cidade
Deixa-me viver
que eu quero aprender
tua poesia
sol e maresia
lendas e mistérios
luar das serestas
e o azul de teus dias”…