‘ANTES, APLAUDIAM’ – Os profissionais da linha de frente da covid-19 que enfrentam atraso de salário no Maranhão

Na linha de frente da batalha contra a covid-19, eles foram aplaudidos no mundo todo. Agora, centenas de profissionais de saúde pelo Brasil estão com seus salários atrasados.

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Médicos dizem que, no começo, eram aplaudidos no mundo todo (Foto AFP)

“Até dois dias atrás, os profissionais de saúde era o que tinha de mais valioso, os heróis. Antes, as pessoas aplaudiam, saíam na janela para bater palma. Mas o que ninguém sabe é o que tem por trás de tudo aquilo. Empresas que não cumprem o que tem nas nossas leis trabalhistas, que não respeitam o funcionário”, desabafa a enfermeira *Santos.

Seu último salário por ter trabalhado na triagem do aeroporto de São Luís, diz ela, ainda não foi depositado. “Colocamos nossa vida e a vida da nossa família em risco, e é dessa forma que somos pagos.”

No Maranhão, há o caso de Santos e de outros colegas que trabalharam com ela. Entre os hospitais onde há salários atrasados, estão os de campanha abertos para atender pacientes emergencialmente.

Santos, de 24 anos, conta que, em março, foi procurada por uma amiga com uma oportunidade de emprego: trabalhar nas barreiras sanitárias implementadas no aeroporto e na rodoviária da capital do Estado, em São Luís, implementadas pelo governo de Flávio Dino (PCdoB).

Profissionais de saúde trabalharam nas barreiras fazendo triagem dos passageiros, verificando sintomas, sua temperatura, de onde estavam chegando e por que locais haviam passado. Santos era parte da equipe que fez isso no aeroporto de São Luís.

Foi contratada por uma empresa “quarteirizada”, ou seja, que presta serviços para outra empresa privada, esta sim terceirizada pelo governo do Estado.

No dia 26 de junho, as barreiras sanitárias em São Luís foram finalizadas. Mas até hoje, mais de um mês depois de terem sido dispensados, os funcionários não receberam o salário do mês de junho, não receberam os valores da rescisão e não tiveram baixa na carteira de trabalho, diz Santos.

“As contas continuam chegando, estávamos nos arriscando na linha de frente contra a covid-19, e nada disso é reconhecido”, lamenta. “As pessoas acham que estamos sendo muito bem pagos, mas não é nada disso.”

Outro lado

A Secretaria de Estado da Saúde, no Maranhão, disse que “possui dezenas de milhares de prestadores de serviço, sob a forma de pessoas jurídicas, servidores estatutários e celetistas” e que “todos que atualmente estão trabalhando foram pagos no prazo legal, não havendo atrasos”.

As barreiras sanitárias em aeroporto e rodoviária foram desativadas, e o governo “informa que a única pendência é relativa a multas rescisórias, cujos processos de pagamento estão em tramitação para pagamento, por meio da Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares (EMSERH), responsável pela contratação”.

 

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