A Vale, que antes da privatização era chamada Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), com valiosa referência em lucros financeiros para a nação e conceituados cuidados com o meio ambiente, após a mudança de nome, descarrilou de vez. Atualmente, a mineradora brasileira vive em meio a uma montanha de processos judiciais, talvez, de tamanho similar à sua jazida de ferro na Serra de Carajás, no estado do Pará.
A maioria dessas questões tem como causa, danos ao meio ambiente, poluição sonora e, principalmente, indenizações por invalidez e mortes de pessoas em quase todos os locais por onde atua. Muitas dessas mazelas por ar, terra e mar, são em decorrência da falta de gerenciamento e da ausência de medidas preventivas a sinistros por parte da Vale.
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Basta lembrar da tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, ocorrida em janeiro do ano passado, quando uma barragem da Vale rompeu e provocou o maior desastre ambiental da história do Brasil. Um rastro de destruição transformou terra firme em lama, ceifando a vida de 270 pessoas, além de prejuízos irreparáveis à fauna e flora.
Ao longo dos anos, no Maranhão, a mineradora tem tirado literalmente o sono das pessoas que moram vizinhas à sua ferrovia, por conta do ensurdecedor barulho provocado pelos seus trens. De quebra, ainda são lançados no ar, fuligem e poeira de minério de ferro transportado diariamente da Serra de Carajás para o terminal a Ponta da Madeira, de propriedade da Vale, no Complexo Portuário do Itaqui, em São Luís do Maranhão.
Agora, o risco de danos ambientais, pelos quais a Vale é corresponsável, podem atingir o mar. Um navio de bandeira coreana transportando quase 300 mil toneladas de minério de ferro da Vale e 4 mil toneladas de óleo está encalhado no litoral do Maranhão. A possibilidade de a embarcação com avarias no seu casco naufragar é iminente e um novo desastre pode acontecer, com o derramamento de minério e de combustível nas águas marítimas.
Por conta disso, entidades como a Rede Viva Mar Vivo (Redemar), a Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge) e a Associação dos Atingidos por Barragens (Anab) ingressaram na Justiça estadual do Rio de Janeiro. Na ocasião foi apresentada uma ação requerendo a produção antecipada de provas contra a Vale pela contratação do navio MV Stellar Banner, encalhado desde o dia 24 de fevereiro a 100 quilômetros da costa maranhense.