A mineradora Vale, responsável pela extração do minério de ferro na Serra de Carajás, no Estado do Pará e pelo transporte desse produto até ao Porto do Itaqui, em São Luís do Maranhão, continua somando elevados lucros e subtraindo a qualidade de vida de pessoas que moram às margens de sua ferrovia. Basta contabilizar a quantidade de gigantescos trens carregados de minério de ferro que cruzam parte do interior do Pará e do Maranhão até o litoral, na capital maranhense, por onde é escoada toda carga para carregar grandes navios vindos do exterior, principalmente Ásia e Europa, destino desse minério da “cor de ferrugem”.
O caminho entre a Serra de Carajás e o Porto do Itaqui é longo e desenhado por uma ferrovia da mineradora que hoje sofre processo de duplicação. A estrada de ferro “serpenteia” por 22 municípios do Maranhão, os quais recebem, sem sombra de dúvidas, uma insignificante contrapartida, pois são poucos os benefícios da
Vale em relação ao que sua gente sofre.
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Além do barulho ensurdecedor provocado pelas locomotivas que puxam centenas de vagões no processo de ida e volta, a fuligem do minério transportado diariamente pelos trens deixam as zonas urbana e rural desses municipios com um ambiente desfavorável para a tranquilidade dos seus moradores. Por mais que não se queira admitir, esses locais sofrem sim cargas de poluição sonora e do ar, chegando a comprometer a saúde das pessoas, especialmente crianças e idosos.
Sabe-se que a Vale tem projetos sociais e que atua impulsionando, de certa forma, ações de cidadania para diversas comunidades por onde passa a sua ferrovia, mas isso é considerado muito pouco diante dos lucros estratosféricos da mineradora nessa atividade modal em terras maranhenses. Além disso, existe um clima de insegurança para quem utiliza trechos da estrada de ferro para se locomover com destino aos seus locais de trabalho e até de estudo.
Apesar das campanhas da Mineradora Vale divulgadas nos veículos de comunicação e nas redes sociais, no sentido de orientar as pessoas com relação aos cuidados nas travessias pela ferrovia e a sinalização sobre segurança para evitar acidentes, muitas vidas já foram ceifadas, vítimas de atropelamento pelos trens.
Até existe um tal Consórcio dos Municípios dos Corredores Multimodais – COMEFEC, criado para defender os interesses dos municípios por onde a Estrada de Ferro Carajás segue, mas nada que interfira muito em benefício das comunidades que vivenciam diariamente esse verdadeiro “nó em trilho” dado pela Mineradora Vale, há várias décadas, desde o tempo em que era chamada de Companhia Vale do Rio Doce.